NOTA DE ESCLARECIMENTO
NOTA DE ESCLARECIMENTO
O Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA), de Camaquã,
Rio Grande do Sul, vem a público prestar esclarecimentos, diante dos
acontecimentos em relação aos óbitos de pacientes que se submeteram ao
tratamento experimental de inalação de hidroxicloroquina, feitos pela Dra.
Eliane Scherer.
A Dra. Eliane Scherer, até o dia 10 de março de 2021,
compunha a escala médica do pronto socorro do HNSA. Apedido da direção do
hospital, a profissional foi afastada da escala após ter tentado obrigar a
equipe assistencial a administrar pela via inalatória uma solução com
Hidroxicloroquina, de procedência desconhecida, não prescrita em prontuário, manipulada
pela própria médica.
Após o ocorrido, houve grande mobilização em torno do seu
desligamento da escala sob o pretexto de o tratamento estar salvando vidas,
inclusive com o depoimento de um paciente em um veículo de imprensa local. Diante
do ocorrido, a referida médica passou a ofertar o tratamento aos familiares e
pacientes que chegavam ao Pronto Socorro do Hospital, bem como aqueles
internados na instituição.
Assim, houveram famílias que face a seu desligamento da
escala do Pronto Socorro, contrataram a referida médica para acompanhar os
pacientes, solicitando assim, que fosse administrado o tratamento experimental.
Como se tratava de terapia experimental, houveram médicos que se negaram a
prescrever o tratamento aos pacientes sob seus cuidados, razão pela qual, as
famílias buscaram o poder judiciário para permitir que fosse feito o tratamento
com a inalação da solução de HCQ.
Houve deferimento de liminar para que fosse administrado o
tratamento, sob a condição de que a médica assumisse a integralidade da
assistência de seus pacientes. Por essa razão, o hospital firmou com outras
famílias que tinham o mesmo interesse em aplicar o tratamento em seus
familiares, termo de acordo no qual a médica e os familiares se responsabilizavam
pelas consequências do tratamento, e tinham ciência de que não havia nenhuma
comprovação cientifica quanto ao mesmo. Assim, além de dois pacientes que já
haviam recebido o tratamento, duas outras famílias entregaram aos cuidados da
Dra. Eliane Scherer seus familiares.
Dos quatro pacientes internados que receberam o
tratamento por inalação de HCQ, três deles vieram a óbito. Por se tratar de um tratamento
sem comprovação cientifica, o Hospital não pode afirmar que houve relação
direta entre os óbitos e a inalação com HCQ, por sua vez, não verifica que a
nebulização contribuiu para melhorar o desfecho dos pacientes. Os indícios
sugerem que está contribuindo para a piora, porque todos os casos (de óbito)
apresentaram reações adversas após o procedimento.
Assim, o Hospital informa que continuará envidando todos
os seus esforços para atender os seus pacientes, respeitando os protocolos
aprovados pelos órgãos de saúde nacionais e internacionais.
Estamos vivendo um verdadeiro furacão. No auge do
agravamento da pandemia, quando os sistemas de saúde estão à beira de um colapso,
enfrentamos essa situação tão desagradável. O Conselho Regional de Medicina já
está ciente e estamos aguardando uma manifestação sobre o caso.
Afirmamos que esse tipo de terapia ( nebulização com cloroquina)
aplicada pela Dra Eliane Scherer transcende o que chamamos de prescrição off
label. A instituição não tem experiência com este tratamento experimental, já
que não há referências seguras para a aplicação do mesmo, portanto, opta por
não fazê-lo.
Infelizmente, nesse cenário de desespero, polarização e
politicagem, diante de muita pressão da sociedade, permitimos que, via judicial
e, de maneira formalizada, os pacientes que desejavam receber essa terapia,
assim o fizessem.
Reafirmamos que não temos como atribuir melhora, ou piora
relacionada diretamente ao procedimento experimental, mas de fato, o desfecho
final de três pacientes submetidos a terapia foi óbito. Todos eles tem
documentado em prontuário taquicardia, ou arritmias, algumas horas após
receberem a nebulização. Dois deles já estavam em grave estado geral, com
insuficiência respiratória em ventilação mecânica e um deles estava estável,
recebendo oxigênio por máscara com boa evolução.
Acreditamos que a Dra Eliane Scherer e os familiares, em
momento algum quiseram causar mal aos pacientes e que essa ou qualquer tipo de
terapia deve passar por profunda investigação e pesquisa científica antes de
ser aplicada.
Esperamos que haja mais entendimento por parte dos
pacientes em tratamento de que, até o momento, estamos lutando com todas as
armas que temos e fazendo o melhor que podemos.
Hospital Nossa Senhora Aparecida